A Liberdade da Alteridade
Somos a soma de todos os vínculos afetivos que construímos ao longo da vida. Trago uma crônica que te leva a pensar como esses vínculos pavimentam as possibilidades infinitas do Ser
Na Existência, a construção da nossa identidade é tecida por vários Outros, alguns familiares, outros estranhos, inusitados. Uns em “carne”, outros em “prédios”. São as normas, as convenções sociais, que nos regulam, nos formam, em certa medida podem nos deformar de nossa singularidade, terminando por perfurar um espaço sagrado dentro do Si Mesmo e torná-lo mundano.
A falta de liberdade para expressar aquilo que nós realmente somos, que por vezes é incabível nas expectativas dos outros, gerando solidão e vazio. Incompreendidos na autenticidade do nosso Ser, passamos ao lugar dos inadequados, esquisitos. Não somente para os outros, mas perigosamente para nós mesmos. Sucumbindo num grande bloqueio em nossas vidas. Até que possamos ter encontros com Outros “iguais a nós”, outros esquisitos, diferentes, inadequados, incompreendidos…
Esses nos conferem lugar à mesa da Espontaneidade, da criação, da Revolução Criadora nos possibilitam a confiança necessária para se libertar de uma das tarefas mais complexas da vida humana, “simplesmente” Ser. É por isso que nutrimos tamanha deferência ao Artista “raiz”! Esse tipo de gente, inquieta em sua solidão, não busca somente a felicidade rápida da adequação. Essas pessoas buscam criar uma vida intensa e interessante, recolorizada de nuances e sentidos. São os primeiros a se dar conta que não lhes cabe a adequação, eles não se importam de rabiscar sobre o mundo novas realidades, nos muros, na pele, nos quadros, no som… e em tudo aquilo que ainda não foi dito ou inventado.